terça-feira, 23 de novembro de 2010

Do sofrimento "alheio"

Talvez vocês amigos nunca me entendam quando me mostro um quê arrogante ou impaciente, desleixada dos sentimentos alheios.. Há até quem me julgue estar "banalizando" ou "desprezando" a outrem..
Bem, se consigo transmitir isso tudo é porque minha temporada como atriz do Skenna rendeu "bons frutos"

A verdade se esconde na luta da profissão, no sorriso cuja face se escondem lágrimas; na ambição de querer mudar, de querer reabilitar ambos: o corpo e as frustrações de um sequelado sem culpa. 
Sequelado. Palavra forte para se chamar um paciente com limitação funcional. Mas o eufemismo aparente também disfarça o olhar frustrado do terapeuta, ao olhar a dimensão das suas próprias limitações. Ao saber que poderia muito mais por aqueles se houvesse um pouco mais de recursos - que bem sabemos da viabilidade pública para consegui-los. Ao saber que muito mais eficiente seria o resultado final - o paciente - se a doutrina idolatrada salve salve do SUS ("integralidade de assistência", "capacidade de resolução dos serviços" ...) funcionasse pelo menos nesses dois patamares.
"Brincamos" nos PSF´s. "Brincamos" inclusive na UTI (pasmem), por excesso de precariedade do sistema. O empirismo às vezes se torna mais prevalente que o científico.

O melhor jeito é então bem disfarçar. Como não consigo ser metade, me disfarço por inteiro. E ganho os contornos dessa tal caricatura...

 Mostro-lhes aqui dois belos curtas, mostrando o que fazemos, o que vemos todos os dias e o podemos fazer por aqueles que estão literalmente em nossas mãos..


Não! Não somos anjos! Pelo contrario, somos ainda muito poucos, muito pobres, posto que dependemos de sua vitória para nossa felicidade. Mas não se enganem. Nos responsabilizamos MUITO por isso.
A superação dos pacientes é a força que nos mantém vivos, que nos supre as esperanças, que nos fazem suportar as limitações de cada dia. Que gritam por seus sorrisos - por favor, não desista!


Somos isso. Sou isso. "Tenho nas mãos todo o sofrimento do mundo". Na boca, todas as palavras de força e superação. No coração, o pesar de saber que poderia fazer mais se me dessem um pouco mais de acesso.

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