quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Tempo de Travessia - aos 2011 que chega

Há um tempo 
em que é preciso abandonar 
as roupas usadas, 
que já tem a forma do nosso corpo, 
e esquecer os nossos caminhos, 
que nos levam sempre aos mesmos lugares. 

É o tempo da travessia: e, 
se não ousarmos fazê-la, 
teremos ficado, 
para sempre, 
à margem de nós mesmos.  
 Fernando Pessoa

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Paixão. Essa coisa louca..



Ah..
E dizer que isto vai acabar...
Não, ela não está se referindo ao fogo, refere-se ao que sente.
O que sente nunca dura, o que sente sempre acaba, 
e pode nunca mais voltar.
 Encarniça-se então sobre o momento,
 come-lhe o fogo, e o fogo doce arde,
 arde,
 flameja.

 Então, ela que sabe que tudo vai acabar, 
pega a mão livre do homem, e ao prendê-la nas suas,
 ela doce arde, arde, flameja.




Clarice Lispector (in “Onde estivestes de noite”)

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Mais que um complemento


Neste momento penso em você
   e então quisera me transformar em vento.
       E se assim fosse, chegaria agora
          como brisa fresca
            e tocaria leve sua janela.
E se você me escuta
e me permite entrar,
       Vou roçar nos teus cabelos
           Soprar de mansinho no ouvido
      Beijar sua boca macia
   Me embalar no teu carinho
Mas eu não sou vento...
Agora sou só pensamento
      E se abrir sua janela,
           estou chegando aí, agora...
                   neste momento,
                        em pensamento...           No vento. 

RS


Penso no vento
O que quero sentir
refletir em ti teu carinho 
Profundo
Penso 
E de tanto pensar fico louco
uma loucura doce quer o teu beijo
E assim meio sem jeito
Te penso. Te desejo.
Me entrego às dúvidas de um completo desajeitado
querendo encontrar neste vento meigo
 as respostas
de tudo que sinto
 e procuro
Mas se esse vento, se me faz pensamento
Em ti me faço complemento. AC




quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Noite Minguante

Meu momento perfeito não tem saudade. Rubro vinho, noite escura. 
É esse exato instante em que as nossas mãos se encontram, nossas bocas se encontram, 
nossos corpos se perdem...
Perdida, eu me agarro a seus ombros, desnorteada. É noite, não há lua. 
Não há luz, não há outra vez, não há amanhã. É apenas isso, é apenas já.
Já não controlo a respiração, a vontade. Sem rumo, meu norte é você. Quero tudo, quero logo, antes de ser sol e não haver palavras pra nós. Quero não saber que não queremos mais. Quero só esse não pensar, os pés fora do chão, vontade, vontade, vontade. Lua rubra, noite escura. Meu momento perfeito não tem saudade. 
http://somiolodepote.blogspot.com

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Porque es preciso perderse para volver a encontrarse

  












                                                              De nuestros miedos  nacen nuestros corajes
Y en nuestras dudas  viven nuestras certezas.
Los sueños anuncian  otra realidad posible
      y los delirios otra razón.
En los extravios   nos esperan hallazgos,
Porque es preciso perderse
para volver a encontrarse.            
     Eduardo Galeano